A razão prende-se com uma “escassez de força de trabalho” que “compromete os cuidados oncológicos em diferentes fases”.
Segundo o relatório, os especialistas em Medicina Geral e Familiar (MGF) “são fundamentais para os cuidados oncológicos, intermediando o acesso aos cuidados médicos especializados”. O estudo adianta também que estes médicos estão envolvidos nos programas de rastreio, dão consultas de acompanhamento pós-rastreio, referenciam doentes para outros especialistas e participam na gestão das licenças por doença e no apoio aos doentes, ações que impactam os resultados.
“Em abril de 2024, mais de 1,5 milhões de pessoas (15 % da população) não tinham médico de família, dificultando a deteção precoce e o tratamento atempado” dos casos oncológicos, alerta o perfil. A OCDE e a CE indicam ainda que o sistema de saúde português conta com 1 169 enfermeiros profissionalmente ativos por cada mil novos casos de cancro, uma taxa inferior à média da União Europeia (UE) de 1 376 por mil novos casos.
Portugal, o ano passado, tinha também 889 médicos autorizados a exercer por mil novos casos de cancro, mas o número estimado de médicos em exercício é 30 % inferior àqueles autorizados, o que coloca o país abaixo da média da UE de 679 médicos em exercício por mil casos, aponta o estudo.
Sabe-se que o número de médicos especialistas em áreas fundamentais dos cuidados oncológicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem vindo a aumentar entre 2017 e 2023, exemplificando com o número de oncologistas que passou de 164 para 285, o que representa um acréscimo de 74 % nesse período.
“Embora quase todos os hospitais públicos disponham de médicos oncologistas, o SNS conta apenas com 11 centros de radioterapia, o que resulta em disparidades geográficas na distribuição de radioterapeutas”, salientam a OCDE e CE.
Sobre os rastreios para os cancros da mama, o estudo adianta que em 2022 estes programas recuperaram fortemente do declínio relacionado durante a pandemia, mas o rastreio do cancro colorretal apresenta grandes disparidades regionais, tendo atingido uma taxa reduzida de apenas 14 %.
De acordo com estes dados, em 2023, o Estado comparticipou 74 % dos medicamentos biossimilares contra o cancro, um valor superior à média da UE de 65 %.
De um modo geral, as despesas de saúde per capita com cuidados oncológicos deverão aumentar 58 % em Portugal até 2050, face a um aumento de 59 % na União, refere o perfil.
Fonte: Lusa